sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Tesoura de Tosa Nr.2 + acessórios para pesca.

   Essa é a segunda faca da tesoura de tosquia dada por um amigo. Sendo a segunda, pude melhorar o processo de confecção do cabo e ajustar melhor as coisas, mas nada muito mais preciso. Pensei em levar essa faca para a minha pescaria. Também, fiz um cinto e uma bolsinha de couro para levar alguma tralha, como linha de pesca e anzóis (as fotos estão no final do post).

Características da faca:
* Lâmina: tesoura de tosa antiga, marca Hunter & Son Sheffield.
* Tipo: pro churrasco e pra pescaria!
* Comprimento total: 27 cm
* Comprimento da lâmina (fio): 14 cm
* Largura máxima: 4 cm
* Espessura máxima: 2 mm
* Peso: 142 gr
* Cabo: madeira já foi um ipê, tratada apenas com cera de abelha e fixada com parafusos.
* Bainha: tipo saco, o couro  já foi um búfalo, bordas brunidas, tingida  e costurada a mão.























terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Falha catastrófica! Quebra e analise do tamanho do grão.

  Eu estava entusiasmado para fazer um pequeno facão para camping, empreguei uma serra circular de cortar madeira, tudo ia bem, mas depois da têmpera acabei quebrando a lâmina próximo da região do cabo. A tentativa foi desentortar um empenamento com a técnica de 3 pontos, na morsa. Eu deveria ter usado a técnica do martelinho, mas morando em apartamento todo barulho é complicado e o resultado foi terrível, horas e horas de trabalho perdidas. O mesmo aconteceu com uma mini bowie que eu estava trabalhando a certo tempo, essa forjada.


Pequeno facão, 22 cm de lâmina.



Mini bowie, 15 cm de lâmina.

  Da dor, vem o aprendizado: melhorar a usinagem, a normalização, a têmpera e o desempenamento (quando necessário).
  Eu desconfiava da têmpera e uma quebra é uma ótima oportunidade para avalia-la. Pelo tamanho do grão do aço se sabe a qualidade da têmpera. Um grão pequeno, é sucesso, dá para comparar com uma lima quebrada, fora isso, a têmpera foi problemática. A seguir aparecem fotos com a comparação, da esquerda para a direita, bowie, facão e lima.














   Pelas fotos nota-se que o grão do aço para a bowie ficou grande, têmpera ruim. O grão deve ser pequenininho, bem homogêneo. Pelo que consegui descobrir no fórum Cutelaria Artesanal e bem explicado pelo cuteleiro profissional Voss, o crescimento do grão é provável pelo aquecimento excessivo da lâmina antes da têmpera, coisas de novato.
   Agora, vou testar a têmpera com diferentes aços de teste e achar o ponto certo. A têmpera é a parte mais crítica na fabricação de uma boa lâmina e não pode ser errada.
  O caminho do aprendizado passa pelo erro, não dá para pular etapas e me vejo necessitado de estudar com mais cuidado como a minha forja trabalha e como avaliar melhor a temperatura do aço. A pressa de fazer resulta em erro!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Disco de Serrar Granito/Mármore: péssima idéia?

  Bom, eu havia visto esse disco na parede da marmoraria onde de vez em quando uso minha forja. A idéia era fazer umas facas. Em breve pesquisa no Blade Fórum, parece que o aço é o 4130 ou 4140 para discos de cortar concreto (adiamantados), o que seria inadequado à confecção de facas devido a quantidade de carbono no aço. Todavia, no Brasil parece que algumas pessoas empregam com certo sucesso alguns discos desse tipo (com certeza é outro aço). Segue minha breve observação.



 Rascunho para o corte. Disco de 35 cm de diâmetro.


Após um corte aparece uma linha cor cobre no meio do aço (parece um sanduíche de cobre).





























  Na esmerilhadeira havia bastante faísca, o que era bom sinal até eu encontrar esse linha aí. Assim, nessa curto teste não estou achando viável o emprego desses discos na confecção de facas. Alguém com alguma informação mais concreta?
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Atualização: discos de serra silenciosos possuem essa chapinha no meio do aço para diminuir a vibração, tornando, assim, inadequado seu uso para a confecção de facas.
O aço de serras normais, sem serem silenciosas, seguindo pesquisa feita no fórum Cutelaria Artesanal, é o SAE 1060.





terça-feira, 14 de novembro de 2017

Faca de Antiga Tesoura de Tosquia

   Estava ansioso para fazer essa faca, meu amigo Peraça ficou de trazer uma velha tesoura de tosquia  lá dos pampas. Dizem que o aço é de boa qualidade, e uma forma de aproveitar-lo é fazer uma faca, nada mais gaúcho.



   Meu objetivo era fazer um cabo que ficasse harmonioso, depois de alguma pesquisa na internet, e sem querer aquecer a lâmina e alterar o formato da tesoura a solução foi apenas cortar a conexão entre as duas lâminas e parafusar um cabo no "braço da tesoura", torneando o mesmo para um bom encaixe. 


Características da faca:

* Lâmina: tesoura de tosa antiga, marca Hunter & Son Sheffield.
* Tipo: pro churrasco, pra pescaria, pra cozinha, pra bonito!
* Comprimento total: 26,5 cm
* Comprimento da lâmina (fio): 14 cm
* Largura máxima: 4 cm
* Espessura máxima: 2 mm
* Peso: 140 gr
* Cabo: madeira de ipê, tratada com óleo de tungue (meio a meio com limoneno), fixada com parafusos.
* Bainha: tipo saco, de couro  de búfalo, bordas brunidas, tingida  e costurada a mão.

Tesoura já cortada.


























Furação para colocação do cabo.














Detalhes do cabo.















Essa aí é do Peraça. A minha farei em outra oportunidade.


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Faca pro Churrasco!

   Essa é minha segunda faca forjada, que demandou bem mais tempo para a confecção  que a primeira. O cabo foi muito trabalhoso e o resultado para a madeira de ipê muito bom. Algumas marcas do forjamento ficaram na lâmina, demonstrando sua origem.


Características da faca:

* Lâmina: drop point, pequeno falso fio, forjada.
* Tipo: faca para o churrasco, tchê!
* Comprimento total: 33 cm
* Comprimento da lâmina (fio): 18,5 cm
* Largura máxima: 4,6 cm
* Espessura máxima: 3 mm
* Peso: 300 gr
* Cabo: de talas, madeira de ipê, tratada com óleo de tungue (meio a meio com limoneno), fixadas à espiga com pinos de latão + cola mágica (epóxi).
* Ferrule de latão (espaçador entre lâmina e cabo).
* Aço: mola de kombi (provável aço 5160)
* Bainha: composta (duas partes), de couro bovino, tingida  e costurada a mão.





O acabamento no ipê fica muito bom. Um cabo bem melhor que o meu primeiro, estou aprendendo.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

Faca de Pesca: lâmina de serra de aço rápido!

   Essa foi complicada, a serra de aço rápido é muito dura e não recomendada para a confecção de facas. O tratamento térmico é complicado e a faca deve ser feita por desbaste cuidando-se para não afetar a têmpera.






Características:

* Lâmina: desbaste de uma serra de aço rápido (ao molibdênio) da Starret.
* Tipo: faca de pesca, 3 dedos, pequena (vulgo capa grilo).
* Comprimento total: 18 cm
* Comprimento da lâmina: 8,5 cm
* Largura: 3,8 cm
* Espessura: 2 mm
* Peso: 73 gr
* Cabo: paracord
* Bainha: couro bovino, tingida e costurada a mão.


    A faca deveria ser maior, mas quebrei o cabo e tive que diminuir o tamanho. O aço é extremamente duro, usei uma esmerilhadeira para cortar e dar a forma inicial, a afiação foi totalmente feita na pedra, pois a lima não pega de jeito nenhum. Passar da espessura de 2 mm para a geometria do fio foi bem trabalhoso e é um dos motivos que não se emprega serras para aço em facas. Se você utilizar o esmeril ou lixa de cinta deve ser cuidadoso para não destemperar o aço, cuja têmpera é complicada, não dá para fazer sem equipamentos apropriados.


Tá aí o tipo de serra empregada, foi uma RS1806-7.


domingo, 10 de setembro de 2017

Minha primeira faca! + de 30h de trabalho!

   Pois então, comecei no mundo da cutelaria. Depois de muito estudo e muitas ferramentas, finalmente pude fazer minha primeira faca. Nada parecido com o programa "Desafio do Fogo" do History Channel, mas é um começo.


   Esse desejo de forjar e confeccionar uma lâmina era algo que me acossava ultimamente e a maior dificuldade é que eu moro em um apartamento e arrumar um lugar para levar a tralha era um problema (meu muitíssimo obrigado aos amigos da Marmoraria Kruger!).
    Comprei uma forja a gás, a primeira a carvão que fiz, de uma churrasqueira portátil, era inviável, dava muito trabalho e fazia muita sujeira. Um bigorna boa, foi na segunda tentativa. Mandei confeccionar um banco para poder transporta-la e usa-la em qualquer lugar. E a lista de outras acessórios é grande, de segurança até o acabamento para dar às peças criadas.
    Nesta faca, os únicos equipamentos elétricos que usei foram: uma esmerilhadeira, para retirar a carepa do forjamento e cortar algumas arestas, dando o formato grosseiro da lâmina; e uma furadeira de bancada, para furar o cabo e o ferrule. Tudo foi feito manualmente, com limas, grosas e lixas, o que demandou mais de 30 h de trabalho árduo em vários dias e algumas semanas (sempre que havia possibilidade de trabalho).

Características da faca:

* Lâmina: drop point, forjada.
* Tipo: faca de uso geral. 
* Comprimento total: 26 cm
* Comprimento da lâmina (fio): 13 cm
* Largura máxima: 37 mm
* Espessura máxima: 3 mm
* Peso: 180 gr
* Cabo: madeira de pintangueira (lá do RS) tratada com óleo de tungue (meio a meio com limoneno).
* Espiga oculta, ajustada no cabo através de calor e posteriormente colada nesse.
* Aço: 1070 (0,7% de carbono), consegui com o cuteleiro profissional Jackson Shaeffer (Alfredo Wagner-SC).
* Ferrule: latão
*Tempera: parcial? (foi a tentativa .... o resultado efetivo da têmpera é uma incógnita que me perturba)
* Bainha: do tipo saco, de couro bovino.

O tempo aproximado gasto  foi de:

   1h30min para forjar a faca + 30 min para esmerilhar e cortar.
   8 horas para ajustar o formato da lâmina e dar o acabamento para posterior têmpera
   1 hora para fazer a têmpera
   8 horas para limpar, corrigir falhas da tempera, definir geometria do fio e pré-afiar a lâmina.
   6 horas para fazer o cabo 
   4 horas para fazer o ferrule
   3 horas para outros detalhes, como colocação do cabo, pintura e afiação final.
   3 horas para confecção da bainha.

   As mãos são bastante exigidas no trabalho manual, principalmente para lixar e limar. O que me deixou com os dedos amortecidos pelo trabalho incessante em algumas etapas do processo. O forjamento também é exigente, pois trabalhei com uma marreta de 1,5 kg. 
   É inviável confeccionar facas para venda sem uma lixa de cinta. Como hobby, o trabalho inteiramente manual pode ser interessante, o que é meu caso.
   Há muitíssimo que aprender, a cutelaria é um aprendizado constante (um universo de estudo). Infelizmente ainda não encontrei um professor para me ensinar e corrigir minhas falhas. Preciso tempo e dinheiro para viajar e fazer um curso, aqui por essas bandas ainda não achei. Sei que tenho muito que melhorar, estou começando e me esforço como posso.
    Seguem algumas fotos do processo com comentários (desculpe pela qualidade das fotos). Sugestões e críticas são bem vindas, obrigado!


 Ta aí o guasca, no espaço cedido pela Marmoraria Kruger. Forja, bigorna e banco de metal.


Temperatura de mais de 1000 oC na forja.





Resultado do forjamento, da lâmina original à peça forjada. Falta muito que melhorar a qualidade do forjamento, se nota pela forma final dada a peça.



Aqui, já um esboço pintado do recorte a ser feito.


Peça esmerilhada, retirada da carepa e recortada. Muito feia.

Peça com o contorno definido (na lima).

Algumas limas e lixas depois.


























A peça ficou reta.


Daqui saiu o cabo!

Depois de muito, mas muito trabalho, refinamento da lâmina, tempera, refinamento da lâmina, ferrule de latão e cabo, segue o resultado final.


Faca com o resto do galho de onde foi retirado o cabo. Algumas marcas do forjamento ficaram. Estampei CH e o nr. 1 para dizer que essa foi a primeira. Propositalmente
desalinhei as letras.


Algumas marcas de lixamento ficaram no cabo.

Detalhe do cabo e retidão da lâmina. A geometria do cabo poderia ser melhor. Estou aprendendo.




Primeira bainha.


Links recomendados para quem quer enveredar pelos difíceis caminhos da cutelaria:

http://www.cutelariaartesanal.com.br/forum/
http://berardofacascustom.blogspot.com.br

   Quero agradecer a todos os que disponibilizaram gratuitamente o seu conhecimento sobre cutelaria.

   O Brasil possui alguns dos melhores cuteleiros do mundo, mas temos que melhorar, existe muita gente com potencial. Temos que divulgar essa arte milenar que nos enriquece culturalmente.

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Atualização

   Eu não tinha gostado da geometria do cabo e isso vinha me incomodando, então, resolvi muda-la. Fiz linhas mais fluidas, um cabo mais fino e retirei o excesso de curvas que não me pareciam adequadas à faca. Segue o resultado.